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Se o destino for alcançável de moto
nós iremos lá!

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A voz do Fundador - Rui Marinho

Por Rui Marinho - sócio nº 10 de 14 de Maio de 1986

Até cerca dos 15 anos nunca me tinha interessado por motos mas um dia o meu pai apareceu em casa com um veículo novo para substituir a minha bicicleta: uma Casal Boss azul.

Foi nesse dia que me tornei um motociclista!

Tratei tão bem dela que, anos mais tarde, o meu pai resolveu oferecer-me uma Yamaha 50. Eram os tempos da RD com travão de disco e conta rotações mas para minha surpresa recebi uma 50 SS com travões de tambor, cor de tijolo com guarda lamas cinza tipo 2º Guerra Mundial. Como sempre na vida nunca me senti inferior ou superior pelos bens materiais que possuo e fiquei muito contente pelo presente que era sem dúvida muito melhor que a minha Casal.

Atingindo a maioridade tirei em simultâneo a carta de condução de carro e moto mas devido ao meu passado nos veículos de duas rodas o meu pai foi mais benevolente em aceitar colocar o "ovo amarelo" dos recém encartados na sua moto do que no carro.

Por questões de necessidade de comprar um carro para trabalho tive que vender a moto que tinha e vários anos mais tarde, trabalhando já no ramo das 2 rodas, voltei a ter uma com a ajuda da minha mulher que preferiu andar comigo de moto a termos um armário roupeiro no quarto...

Várias motos se seguiram ao longo destes anos mas depois de ter a possibilidade de experimentar inúmeros modelos só posso dizer que, independentemente da sua potência, tamanho ou estética, eu tenho de sentir prazer na sua condução. Com 49 anos continuo a conduzir moto quase todos os dias, faça chuva ou sol e apesar de ter a possibilidade de poder conduzir modelos topo de gama é habitual verem-me numa scooter 125... e com um sorriso na face!

Mas como é que o Moto Clube do Porto entrou na minha vida? Tudo começou quando numa noite quente estando eu a passear na minha GT 380 (a tal da foto) na Rua do Campo Alegre sou apertado por um Renault 5 em que alguém lá de dentro (Ernesto Oliveira) me dá um fotocópia de algo com uma roda de bicicleta com asas e me diz : "Junta-te ao Moto Clube do Porto !". Tornei-me o sócio nº 13 mas como eu e o Carlos da Horizmoto ficamos com o mesmo número passei a ser o 22. Este relacionamento com o clube dura há 25 anos e a RM Style ou as firmas de que fiz parte sempre acarinharam este clube de amigos.

Gostaria de terminar lembrando a primeira e única Concentração de Motos que o Moto Clube do Porto realizou. Foi no Parque de Campismo da Madalena onde alugamos uma tenda de circo para as pessoas terem aí as suas refeições enquanto viam o Grande Prémio de Motociclismo nas várias televisões aí colocadas ligadas à recente tecnologia das antenas parabólicas. Tivemos uma empresa de catering a servir e, para além de vários prémios pelos inscritos ,sorteamos... uma moto BMW. Este trabalho fantástico foi desenvolvido principalmente pelo Mário Campos e eu a minha mulher estivemos lá para ajudar. Recordo um pequeno grupo simpático que lá se encontrava que nunca se queixou de nada e mais tarde veio a fazer também história: o Moto Clube de Faro.

 

A voz do Fundador - Osvaldo Garcia

Por Osvaldo Garcia - sócio nº 9 de 14 de Maio de 1986

Já passaram 25 anos desde que um dia me falaram que iam iniciar o Moto Clube do Porto. Tantas aventuras para contar mas hoje decidi escrever não de mim mas do sócio vitalício nº. 3 de seu nome Jorge Garcia e de quem tenho tantas saudades. A 1ª. motorizada de marca Yamaha teve-a muito cedo e mal se apanhou em cima dela arrancou de gás mas passados breves momentos voltou atrás para perguntar como se metia a segunda velocidade. Nessa noite levantou-se de meia em meia hora para dar uma voltita na rua. Seguiram-se muitos passeios nessa Yamaha tendo inclusivamente entrado numa prova de Dirt Track em Moçambique. Já na Europa fartou-se de palmilhar quilómetros numa Triumph Tiger 500 indo quase todos os anos ao GP de Espanha que se realizava em Jarama (Madrid). Muitas outras motos se seguiram e conseguia vender motos usadas mais caras que novas tal a qualidade dos melhoramentos que lhes fazia. Com grandes conhecimentos mecânicos aliado ao jeito natural de fazer tudo com perfeição, era um ídolo para mim.

Pessoa simpática, prestável, bem disposta e com grande sentido de humor, fazia amigos com facilidade. Correu também em enduro no campeonato nacional da modalidade com uma Yamaha DT 125 mas o que mais gostava de fazer era mesmo dar uma voltita (mínimo 200 kms) na sua moto sempre impecável (chegava a usar cotonetes para limpar sítios de difícil acesso). Com uma condução muito prudente mas sobre o rápido, era das pessoas que mais gostava de ver passar. Até no trocar de mudanças era inconfundível além de grande estilo sobre duas rodas. Teve mesmo muitas motos (perdi-lhe a conta) mas, para terem ideia do gosto que tinha por elas, quando comprou uma Honda VFR400RR na Mototecnik, por dar entrada no hospital com uma apendicite aguda no mesmo dia, pediu-me para ir buscá-la ao stand para que quando saísse do hospital, sem demoras, pudesse dar uma volta.

Jorge, chorei quando ganhei o troféu de clássicas de velocidade em 2009 pois sei que darias tudo para me veres correr e por isso te dediquei a vitória. Chorei quando cheguei a Maputo de AJP 200, pois sei que também sonhavas lá voltar de moto.

Hoje choro porque sinto a tua falta cada vez que ando de moto e ando todos os dias como tu também fazias.

Todos os sócios do Moto Clube do Porto que te conheciam, sabem do que aqui escrevi e a todos eles um obrigado por terem sido teus amigos.

Bota prá estrada…

Nota MCP: Osvaldo Garcia é dos motociclistas mais entusiastas e dos pilotos mais ecléticos de Portugal já tendo competido em quase todas as modalidades. Trouxe o gosto do Trial para o MCP, modalidade que mais acarinhamos e organizamos em toda a nossa história. Filho de piloto motociclista fez também do seu filho André Garcia o campeão que dispensa apresentações.

https://www.youtube.com/watch?v=Be_ql79qVdg

Video de uma das "maluqueiras" do inimitável Osvaldo Garcia