Mais de uma vintena por maus caminhos
A tradicionalmente verde e húmida região minhota foi mais uma vez palco para o passeio outonal das maxi-trails do nosso clube.
Tendo como primeiro ponto de encontro a porta da sede, a passeata dominical teve início com a ligação por autoestrada entre Porto e Viana do Castelo. À hora marcada, junto à Praia dos cães do Coral e mesmo em cima da foz do rio Lima, a vintena de “corajosos pilotos” reunia-se para um café, antes de entrar nos troços de terra. E que entrada!
Sendo um passeio nivelado como médio/baixo, a entrada, junto aos Arcos do Fincão, deixou logo assustados os menos experientes… a humidade da noite tinha tornado bem escorregadio o granito da calçada romana, aumentando o grau de dificuldade. Mas, como de costume, nada que o espírito de entreajuda não fosse resolvendo, criando oportunidade para mais um tempo de convívio e umas fotografias.
A parte da manhã levou-nos para norte, até muito perto da fronteira natural criada pelo rio Minho. Pelo meio, e sem registo de qualquer problema, a sempre interessante e já histórica (ou cheia de histórias!) passagem a vau do rio Âncora. Junto à capela de Santo Antão, com vista extensa e privilegiada para a praia de Moledo e para o oceano Atlântico, aproveitou-se para uma curta paragem e para a fotografia de grupo.
Mesmo antes do almoço, e já às portas da aldeia de Montaria, nova dificuldade técnica nos trilhos. Desta vez uma subida com umas regueiras mais profundas a causar alguns problemas. Mas o atascanso maior do dia aconteceu mesmo no restaurante…
“Em passeio de São Martinho, senta-te à mesa e bebe o vinho.”
O ditado não é bem assim, mas nada como ir experimentando novas alternativas. Afinal as motos Trail primam pela sua capacidade de evoluir por caminhos nem sempre bem marcados ou definidos.
De estômago e espíritos bem retemperados com o lombo assado e o verde da região, voltamos aos trilhos, iniciando a subida ao alto da serra D’Arga. A passagem junto à capela da Nossa Senhora do Minho é ponto de referência, permitindo alargar as vistas para sul. E se aquelas paisagens são normalmente muito bonitas e interessantes, este ano… não. As extensas áreas queimadas pelos incêndios deste verão e outono tornaram-nas tristemente desoladoras.
Mas o percurso marcado pela organização seguia novamente para norte, pelos bonitos trilhos do planalto da serra. As cores quentes, outonais, combinavam com o frio que lá no alto fazia. As nuvens baixas, que àquela hora ali estacionavam, criavam uma atmosfera húmida que contrastava claramente com o dia solarengo que fez.
À passagem pelo mosteiro de São João D’Arga entrou-se no último troço de terra do dia. Uma volta que nos fazia voltar a Montaria, já próximo da hora do pôr do sol, e assim ao final (oficial) do passeio. Feitas as despedidas, a maioria dos pilotos de ocasião foram retornando a casa. Mas não todos. Um grupinho seguiu ainda pela escuridão dentro, voltando aos trilhos de terra…
Mas essas são já outras histórias, outras lendas, quiçá futuros passeios de Trail do Moto Clube do Porto.
texto e fotos por Joaquim Alves