Sempre a aprender por esse Mundo fora
O dinheiro do Toni, as festas de Teerão e outras aventuras de João Luís que animaram a sede do Moto Clube do Porto numa noite de sorrisos e gargalhadas, espanto e admiração.
«À chegada ao Irão, depois de passar a Arménia, fiquei sem dinheiro devido à impossibilidade de o levantar numa vulgar máquina de Multibanco. Estava no hotel, a pensar como resolver este problema e chegou uma equipa de futebol ao átrio. De repente, não sei porquê, fez-se luz e perguntei se eram jogadores do Tractor, a equipa mais importante da cidade de Tabriz, que na era altura era treinada pelo Toni. Disseram-me que não, que o Tractor Sazi Tabriz F.C. só estagiava em hotéis de luxo e quando lhes disse que era amigo do Toni Oliveira ficaram todos entusiasmados e informaram-se onde era o centro de estágios. E lá fui para ver se o “meu amigo” Toni Oliveira – que na verdade nem conhecia pessoalmente – conseguia desenrascar-me. Depois de várias peripécias consegui falar com ele e safei-me de uma situação complicada, graças aos contactos dele que pôs o secretário do clube a dar-me o dinheiro e uma das funcionárias da embaixada portuguesa em Teerão a ajudar-me. Tratei da vidinha, fui a Teerão onde acabei por ficar uma semana com um amigo que me mostrou a cidade (e as festas mais loucas…) de uma forma única. Depois voltei a Tabriz, para me encontrar com o Toni e devolver-lhe o dinheiro emprestado que, entretanto, a minha família tinha enviado. Quando me conheceu, disse-me na cara que eu tinha uma lata enorme para pedir dinheiro assim, a um desconhecido, e depois de algumas gargalhadas ficamos amigos».
A forma simples como contou esta e tantas outras histórias, dos mais divertidos aos mais rocambolescos episódios, espelha bem a foram de estar e de ser de João Luís, nascido em Alcobaça mas verdadeiro cidadão do Mundo. Que, ao longo de três horas passadas a voar na sede do Moto Clube do Porto, desfiou motivações e receios, felicidades e amarguras, sustos e risos vividos durante milhares e milhares de quilómetros por países como o Dubai ou a Geórgia, Egito e Turquia, Grécia ou Líbano, Israel e Jordânia, Síria e Paquistão, Rússia ou Índia. Mas também da Finlândia, Suécia, Noruega, Estónia, Letónia ou Lituânia; ou ainda do Sudão, Quénia, Tanzânia, Moçambique, Zimbabué, África do Sul, Namíbia ou Angola entre tantos e tantos outros. Das motivações para viajar sozinho à melhor forma de transportar o dinheiro, dos ‘desentendimentos’ com o ‘detestável GPS’ à maneira de ultrapassar as burocracias alfandegárias, da roupa e comida a transportar aos medicamentos necessários, da tenda que sempre o acompanha – mesmo quando dorme em hotéis – à capacidade de aprender e inventar línguas para se fazer entender nos mais inóspitos locais, de tudo se falou num encontro divertido e apaixonante. Momentos que todos os que se deslocaram à sede apreciaram dando o tempo por muito bem empregue e agradecendo a visita do João Luís que, já a noite ia longa mas sempre de sorriso nos lábios, lá partiu na companhia da filha Francisca rumo a casa, com a sua fiel BMW R1200 GS. «Uma moto ‘velha’ que assim não é cobiçada pelos amigos do alheio nem desperta tantas atenções à polícia ou nas fronteiras, facilitando muito a vida ao passar despercebida». Sim, porque viajar é uma aprendizagem constante… Quanto ao destino das próximas aventuras, bem, esse é um segredo que fica guardado entre os que aceitaram o convite para uma noite bem passada, na sede do MCP, a ouvir as estórias no ‘À Conversa com… João Luís’