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Uma festa na terra do Galo

Passeio de Natal MCP/Mototrofa: um belíssimo presente depois dos Reis

O prometido é devido e no Moto Clube do Porto as promessas são para cumprir. Por isso o Passeio de Natal MCP/Mototrofa concretizou o sucesso anunciado, oferecendo um dia ímpar de mototurismo a uma centena de participantes. Um dia que começou bem fresquinho, com o mercúrio dos termómetros a subir pouco acima da temperatura de congelamento da água aquando da ligação até ao stand da Honda na Trofa, ponto de partida da jornada. Alguns, vindos de mais longe, fosse de Viseu ou da Galiza, viram mesmo os computadores das motos avisar de valores negativos durante o final da noite.

Desafios habituais para quem adora andar de moto independentemente do clima e que logo foram esquecidos, com o sol acolhedor que esperava os corajosos madrugadores na chegada à Mototrofa. Tempo para dois dedos de conversa e para um retemperador café acompanhado de muita doçaria e não só, enquanto se procedia ao check-in. E como uma caravana desta dimensão exige alguns cuidados, espaço a um rápido briefing para levantar um pouco o véu do que aí vinha.

Viagem ao ‘ninho’ do galo mais famoso

Programa que começava com uma tirada até Galegos (Santa Maria), uma das 61 freguesias do concelho de Barcelos, berço do mais famoso galo de Portugal e que era, afinal, o principal motivo da escolha do destino. Primeira paragem no local que haveria de ser verdadeiro quartel-general do evento, a sede do Grupo Folclórico Juvenil de Galegos Santa Maria, para divisão em grupos mais pequenos para duas visitas verdadeiramente únicas.

Por um lado, a oportunidade de conhecer o local onde nasceu o Galo de Barcelos visitando a oficina onde os irmãos Baraça, Moisés e Vítor, mantêm bem viva a tradição familiar do figurado, iniciada pela avó, Ana Baraça, a quem a História reconhece como ‘mãe’ da popular figura cerâmica. Oportunidade para descobrir como são criadas belíssimas e coloridas peças de artesanato a partir de pedaços de incaracterístico barro cinzento através da magia de mãos experientes. Além de uma breve, mas esclarecedora introdução de enquadramento histórico, houve a possibilidade de, literalmente, ‘meter a mão na massa’. Trabalhos manuais em jeito de ‘workshop’ que ajudaram a perceber a dificuldade técnica para criar um simples galinho de Barcelos. Ainda que, graças a uma boa dose de paciência e insistência, tenham surgido alguns resultados apreciáveis. Pelo menos na categoria das peças inovadoras, num registo futurista ou mesmo surrealista.

Enquanto isso, outro grupo descobria a arte da madeira com Fernando Soares, artesão que ao longo de cinco décadas encantou gerações com os seus brinquedos, singelos mas realmente inesquecíveis. Com uma vitalidade e entusiasmo que fazem esquecer as oito décadas de vida, explicou como nascem piões e galos peregrinos, carrinhos, aviões ou galos acrobatas. E confirmou excelentes reflexos ao mostrar como funcionam alguns dos jogos/desafios que ele próprio cria desde há muitos anos.

O melhor da gastronomia minhota recheada com folclore

Momentos únicos de descoberta que fizerem ‘voar’ a manhã, entremeada com um chá ou café e uma prova da melhor doçaria caseira das ‘chefs’ minhotas. As mesmas mãos, delicadas mas vigorosas, que trataram dos saborosos rojões à minhota, pois claro, ‘anunciados’ por umas papas de sarabulho de comer e ‘chorar por mais’. Claro que quem ‘chorou’ teve direito a repetir a iguaria, conseguindo, ainda assim, guardar estômago para as sobremesas… natalícias.

Isto porque mesmo sendo realizado depois dos Reis este foi o Passeio de Natal e, por isso, não poderiam faltar as rabanadas, aletria e o bolo-rei. Acompanhados musicalmente pela alegre atuação da ala veterana do Grupo Folclórico Juvenil de Galegos Santa Maria e pelo sorteio dos brindes oferecidos pela Mototrofa, atribuindo a alguns sortudos blusões, mochilas ou práticos cantis para bebidas.

Diz o ditado popular que ‘merenda comida, companhia desfeita’ mas a verdade é que o Passeio de Natal que anualmente junta sócios do Moto Clube do Porto e clientes da Motrofa estava longe de terminado. Ainda antes do regresso à estrada, a ‘obrigatória’ foto de grupo junto ao galo que marca o centro da freguesia, incitando a uma pequena caminhada para ajudar na digestão.

Ver o mar do alto do monte

Tal como a subida ao Monte do Facho, através de estradas bem recurvas e que ofereceram belas imagens de todos os participantes que podem ser vistas aqui. Ali, bem no alto, tempo para apreciar o memorial a D. Nuno Álvares Pereira e a capela da Senhora do Facho, além de aproveitar um dos mais privilegiados miradouros do Minho para poder avistar o mar. Sentados num grande banco construído pelos amigos barcelenses do Moto Galos, num monte entre os vales do Cávado e do Neiva, todos tiveram a possibilidade de mirar, sem obstáculos, o Atlântico ao largo de Esposende, em local de encantos únicos. Que pede novo regresso, com mais tempo, para explorar, a pé ou de bicicleta, os vários trilhos incluindo o PR3 BCL. Pequena Rota, com cerca de 11 quilómetros entre vegetação autóctone e com vários motivos de interesse, desde o início na capela de S. Lourenço, em Alheira, até ao balneário castrejo da Pena Grande, erigido na Idade do Ferro e Monumento Nacional desde 1986.

Vinhas de inovação e espumante no fim da festa

Mas o tempo era de seguir até à Quinta de Agrelo para descobrir uma aposta vitivinícola que se destaca… pela diferença. Na região dos vinhos verdes, o Vinha dos 9 junta as tradicionais uvas Alvarinho a castas inusitadas como Chardonnay ou Gewurztraminer, para criar um branco diferente, de paladar ousado. E que reparte atenções e o espaço no escaparate com os espumantes Branco Bruto (Chardonnay e Alvarinho), Rosé Meio-seco e Rosé Bruto (Shyrah, Pinot Noir e Touriga Nacional).

Tirando máximo partido de uma conjugação de condições únicas, quer da proximidade do mar quer da orografia local, a vinha de 4 hectares na Quinta de Agrelo, na posse da família Rosas há mais de 300 anos, beneficia ainda do facto de estar situada no vale do rio Neiva, sub-região Cávado.

Explicações dadas pelo enólogo António Rosas perante os curiosos participantes que, depois de perceberem a aposta nas excelentes uvas e todo o cuidado do momento da vindima ao processo de vinificação, puderam mesmo experimentar as diversas propostas da Vinha dos 9, sejam os espumantes com Indicação Geográfica Minho seja o branco com classificação Regional Minho. Cujo nome encerra uma explicação curiosa, tendo surgido em 2009 e que resulta dos 9 primos (Gustavo, Catarina, Laura, Manuel, Francisca, Elói, Ana, António e Constança), netos dos proprietários Paula e Elói da Silva Rosas, que, por ordem decrescente de idades, dão nome à colheita de cada ano.

Final em grande estilo de um Passeio de Natal… depois dos Reis, que, aproveitando um dia mais longo e soalheiro, foi palco do primeiro evento estradista do Moto Clube do Porto, em 2023. Um arranque com ‘casa cheia’ antecipando grandes momentos de convívio e diversão ao longo de todo o ano.

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