O tema do 26º moto rali do Moto Clube do Porto, encaixou perfeitamente no passeio turístico que é conhecido como a ReVolta motorraliana.
Aos onze que saíram de Castanheira de Pêra, juntaram-se mais alguns participantes em Castelo de Vide para a 3ª ReVolta. Realizado o Chekin no hotel, o grupo dirigiu-se para a Confraria, restaurante muito agradável escolhido para o jantar de boas vindas e também para o sorteio de alguns brindes e vouchers oferecidos pela TRY/Casa das Peles. O digestivo para a sossega teve lugar na já habitual visita ao bar JM do João Maroco, seguido de merecido descanso, que a ReVolta é exigente.
Nascia o dia da famosa revolução dos cravos e também do arranque para a ReVolta do Moto Clube do Porto. Seguindo entre árvores com fraldas, pela Portagem e parque natural de São Mamede, fizemos a nossa entrada em território de nuestros hermanos por Valencia de Alcântara, e as T-shirts personalizadas La ReVuelta, indicavam o que por lá andava a fazer um grupo de 14 ReVuelta(dos) em atividade moto turística.
O destino, esse era Toledo, mas antes de lá chegarem, os Revoltados tinham uns bons quilómetros de excelentes estradas para percorrer, paisagens generosas para apreciar, e belíssimas cidades e vilas para conhecer. Uma dessas cidades foi a de Trujilo.
Já lá haviam passado os Visigodos, Romanos, Árabes e Cristianos, não podia faltar a passagem dos ReVueltados, com a devida e merecida sorte passamos pelo centro e casco histórico desta relíquia histórica, sem nunca perder o rumo ao destino final. Subindo pelo parque nacional de Monfragüe, e descendo a Almaraz zona onde encontramos o TAJO, ou para nós o Tejo.
Gostamos tanto de o encontrar que nunca mais o perdemos de vista até Toledo. Perdemos sim, a conta a quantidade de vezes que fizemos a sua travessia, ora de norte para sul, ora de sul para norte.
Após um retemperador almuerzo seguiu-se El Puente de Arzobispo, uma vila pitoresca cuja ponte romana dá acesso á vila e serviu de panorama para a primeira foto de Grupo.
Las Barrancas de Burujón é uma paisagem espetacular de barrancos avermelhados, formados por barrancos e gargantas que as águas do rio Tejo e a erosão eólica formaram ao longo dos séculos. Um tesouro para os olhos, com uns quilómetros de comprimento, faz-nos pensar que estamos no Canyon do Colorado. Mas a tarefa mostrou-se difícil. Não que não soubéssemos que era ali, mas a pé eram cerca de 2 a 3 quilómetros e como é nosso lema, se o destino for alcançável de mota, nós vamos lá, mas o destino não foi alcançável de mota e a incursão por estrada de terra batida e alguma areia, mostrou-se impossível de fazer, ora havia um riacho, ora havia uma cancela, para ir pelos caminhos pedestres faltava-nos o tempo. Fica para uma próxima.
Finalmente, conhecida como “A cidade das três culturas”, á nossa frente em todo seu esplendor, Toledo. A visita a Toledo é de fato uma aula de história sobre a Espanha, um dia nunca vai chegar para conhecer esta maravilhosa cidade. Foi fundada em 192 a.c. pelos romanos, foi capital do Reino Visigótico e do Reino de Castella, e durante séculos era povoada pacificamente por cristãos, judeus e muçulmanos. Fato que a fez ficar conhecida como “A cidade das três culturas”.
A herança cultural daquele tempo permanece até hoje, sobretudo em sua arquitetura, que mescla influências góticas, árabes e judaicas, sendo seu principal atrativo. Foi eleita Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
O Hotel no centro do casco antigo proporcionava uma vista soberba sobre os telhados da cidade. Tal a Beleza que o grupo decidiu em unanimidade boicotar a saída programada do dia seguinte pela manhã, impondo conhecer um pouco melhor esta maravilha de Espanha. Atitude de ReVoltados na sua ReVuelta. Em uníssono soava “queremos Toledo”. Assim foi, pois, o povo é soberano.
Saímos de Toledo com o percurso totalmente de pernas para o ar em termos de horários e trajeto, mas revolta que é revolta vai até ao fim. Já que não íamos ter moinhos nem Cervantes fomos visitar a uns escassos 60 quilómetros de Toledo mais uma beleza real. Aranjuez, Cidade com um belíssimo desenho arquitetónico na totalidade do conjunto da vila, com jardins fantásticos e um palácio real lindíssimo.
O almoço acabou por ser ali mesmo pois este grupo queria era conhecer e revoltou-se contra as horas, mas sempre em unanimidade. Que seja, os revoltosos mandam e aciona-se o plano B, que no fundo era a tarde do plano A, e rumo a curvas, lagos e serras pelas paisagens do parque natural do Valle de Iruellas. Com as serras de Gredos no horizonte cobertas de neve.
A planeada primeira subida a 1760m teve que ficar para uma outra Revolta em que talvez consigamos cumprir horários, ou não! Mas subimos a 1575 metros de altitude, concretamente a Serranilhos, aldeia serrana onde nos esperava um simpático hotel e um excelente jantar, do qual temos a certeza ficará bem presente na memória dos revoltados.
Mas porquê tão cedo?
Era a pergunta que o grupo e também os funcionários do hotel colocavam, estes segundos habituados a servir o pequeno almoço das 9:30 hr. em diante, mas que com muita boa vontade e simpatia lá o estavam a preparar pelas 7:30. A previsão meteorológica dizia 60% de chuva prevista, mas, São Pedro é que manda, e foi um dia de sol magnifico que nos acompanhou. Fresquinho, pois a saída para a ultima etapa foi feita com 6ºc, mas a cada quilometro a alma ia aquecendo, com estradas fantásticas e paisagens deslumbrantes. A subida a Puerto Penha Negra, também conhecido pelas etapas da volta á Espanha em bicicleta, levou-nos a 1909 metros de altitude para colocarmos as montadas e os pés na neve. Lá do cimo esperava-nos além da neve uma vista sobre uma paisagem arrebatadora. A descida, essa foi em forma do famoso Stelvio, mas sem o movimento desse.
Quem sobe uma vez sobe duas ou três, mais umas aldeias serranas e mais uns lugares fantásticos na nossa passagem, como o Pueblo de Puente de Congosto com a sua ponte romana sobre o o rio Tormes. Fomos de seguida ao pequeno Puerto Tremedal, que para apreciar os seus cavalos selvagens e beleza natural foi feito a subir em curva contracurva até aos 1637 metros de altitude.
Adivinhava-se que por detrás das viseiras dos capacetes o semblante era de tristeza, ao descer o Vale de Jerte, com os seus campos de cerejeiras a perder de vista, rumo a Plasencia e Zarza La Mayor. Sim a direção fazia adivinhar que também os ReVueltados, não vivem só de férias e lazer. A entrada no nosso cantinho á beira mar plantado, foi desta vez por Monfortinho e com destino ao Javali em Penha Garcia, onde nos esperava um delicioso bacalhau e uns bifinhos de Javali. Feitas as despedidas, uns para norte outros para sul e ainda outros para oeste, seguiram todos para o seu destino e segundo as informações chegaram todos bem. A pergunta colocada pela organização aos participantes sobre o que mais e menos gostaram, recebemos estas respostas. Grupo 5 estrelas, trajeto fantástico, acabou muito rápido e para quando a próxima ReVuelta.
Para a 4ª ReVolta fica a promessa de mais dias, os Revoltosos são soberanos.
Um Bem-haja a todos os participantes
PS. Quem tiver fotos que nos queira facultar agradecemos
Fotos seguintes by Jorge Andrade (Xuxulyne aka PanXuxa)