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Se o destino for alcançável de moto
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PAÍS DEKARTA

20170820 DeKarta 14Era bom mas acabou-se!

Tudo o que é bom, acaba depressa! Seja o presunto ou o vinho, as férias ou os passeios de moto, a cerveja fresca ou a feijoada. E se o Paulo de Carvalho cantava que “10 Anos é Muito Tempo”, muitos dias, muitas horas a cantar, nós, no Moto Clube do Porto, gostaríamos que tivesse mais dias, mais horas para rolar… Foram 10 anos entre a primeira e a última edição do Pais DeKarta, evento que foi, uma vez mais e segundo opinião generalizada dos participantes, “um enorme sucesso, tanto pelo conceito como pelo trajeto”. Foram 10 edições que percorreram algumas das melhores estradas do Norte e Centro do País, algumas estradas da Galiza, com curvas para todos os gostos e sempre acompanhadas com paisagens excelentes.

No ano comemorativo de uma década de vida, a proposta passava por reeditar os 571,6 quilómetros do percurso da primeira edição, pelas bonitas e retorcidas estradas do Douro e Trás-os-Montes, com os participantes a respeitar todos os PPO’s (Ponto de Passagem Obrigatória) que definiam o percurso, fotografando a placa toponímica como prova da sua passagem.

Placas que ditaram um percurso …. (uma pequena pausa para abrirem um mapa de Portugal Continental) … através de Melres, Várzea do Douro, Pala, Eiriz, Caldas do Moledo, São João da Pesqueira, Vila Nova de Foz Côa, Lagoaça (ufa… mais uma pequena paragem para respirar); Mogadouro, Chacim, Macedo de Cavaleiros, Torre Dona Chama, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar (ainda não se perderam?...); Arco de Baúlhe, Celorico de Basto, Felgueiras, Lixa e Penafiel antes da chegada triunfal à sede do Moto Clube do Porto.

Com promessas de um dia quente, mesmo muito quente segundo os “mentirologistas”, todos os participantes chegaram a horas para formalizar as inscrições, dando uma primeira “vista de olhos” ao mapa para ver por onde iriam passar antes de, por volta das 8 horas, ser dada a partida oficial, num inovador sistema afincadamente desenvolvido pelo MCP. Depois dos arranques em grelha e das partidas tipo Le Mans, as 20 motos – seis delas com pendura – partiram ao jeito do “Arranca Que Eu Já te Apanho”, à procura do primeiro ponto. Momento de um primeiro sorriso solidário às penduras, de parabéns por aguentarem valentemente o percurso, e ao Sérgio Correia que, além de ter o maior número de participações (8), voltou a fazer o percurso numa Vespa 250 GTS, ao lado do Vasco Rodrigues, numa MASH 400. E não foram, nem de perto, os últimos a chegar…

Poucos minutos depois da partida e já a Correio da Manhã TV noticiava uma manifestação dos Lesados do Dekarta, em Melres, pedindo a intervenção do governo após terem investido boa parte das poupanças para fotografar placas, e placas nem vê-las. Mas, mais volta menos volta, lá a encontraram e seguiram a tentar descobrir onde estaria a próxima.

Segundo os participantes, a maior dificuldade foi o calor, principalmente em escaldante combinação com o encadeado de curvas da zona do Douro e Trás-os-Montes, que fizeram mossa no físico do pessoal. Mas o Moto Clube do Porto preza-se por proporcionar sempre o que há de melhor aos participantes dos seus eventos e ofereceu nada mais nada menos que 12 horas de ginásio com sauna e massagem a algumas partes do corpo a todos os participantes. Quem é amigo, quem é?

Pensado como um evento para os verdadeiros “papa-quilómetros”, daqueles motociclistas que gostam mesmo é de andar de moto, em que não é previsto rolar em grupo ou grandes paragens para almoçar, parece que é difícil perder velhos hábitos. Vai daí, e mesmo sem grandes combinações, almoços de ‘teste’ ou marcações antecipadas, trata-se de juntar os amigos com os pés debaixo da mesa a comer a bela da Posta. Outros houve que pararam por tudo que era rio e riacho pelo caminho para mais uma refrescante banhoca e, ao chegar a Macedo de cavaleiros, por volta das 19h, sabendo que já não havia mais sítios para tomar banho, optaram pelo caminho mais rápido para a sede. E, pasmem-se, houve ainda quem tenha dado como desculpa em casa para poder fazer o Dekarta, ter que ir levar um frasco de comida à tartaruga que estava de férias para as bandas de Trás-os Montes, pois ela não gostava da que lhe arranjaram por lá…

O importante é que todos se divertiram na árdua tarefa de arredondar-pneus-entre-cada-paragem-do-jogo-da-caça-à-placa e, para ajudar à festa, os participantes foram recebidos por uma petiscada na sede, com inestimável ajuda da Alice Barros, esposa do nosso debilitado barman, que preparou um saboroso arroz de feijão preto, acompanhados por uns panadinhos divinais. Que, empurrados por umas bebidas fresquinhas, rapidamente puseram o pessoal todo em forma, enquanto se contavam as histórias e estórias do dia. Não faltando mesmo um bolo de despedida do DeKarta e ‘rentabilizado’ ao som dos ‘Parabéns a Você’ ao aniversariante Luís Lemos. Que, com uma prenda destas, nunca mais irá esquecer este dia.

Após a conferência das fotos que atestaram o total cumprimento do percurso, seguiu-se a entrega dos diplomas aos participantes. E se a classificação foi ditada pelos níveis de boa disposição e prazer de condução, para história ficam os nomes de Mário Trigo, Nuno Caldeira e Ricardo Pinto, os mais rápidos a cumprir o trajeto ao longo de 12 horas e 20 minutos. Já os mais lentos demoram 13.50 h (e não foram fotografar Braga!...) mas viram Trofa, Canelas, vários Valongo’s, Cedofeita, Boavista, Antas, Espinho e muito mais terras que, por vezes, faziam duvidar se estariam no melhor caminho. Mais importante foi ver que, apesar de visivelmente cansados, todos chegaram com um enorme sorriso, sinal evidente de que tinham passado um dia excelente. Convém não esquecer que alguns dos participantes já tinham feito mais alguns quilómetros de manhã, pois vieram de Leiria e Coimbra e ainda tiveram que voltar para casa.

Um agradecimento muito especial da organização à Alice, pois sem a sua ajuda não teria sido possível oferecer aquele estupendo repasto aos participantes. E um muito, muito obrigado a todos os participantes que ajudaram a fazer desta saudável maluqueira para quem realmente gosta de andar de moto, o sucesso que foram estas 10 edições. Que, apesar de nunca terem enorme adesão, criaram uma legião de fiéis e deixaram a organização orgulhosa ao ver que quem participava gostava do conceito e dos percursos. Resta-nos despedir com a (inovadora…) tradição que diz que: Para o ano… NÃO há mais!

Quem sabe daqui a uns tempos se organize um DeKarta Revival.

Fotos do Fábio Cordeiro aqui