Passeio de Natal MCP/MotoTrofa tão saboroso para as vistas como para o estômago
Natal é tempo de paz e amor, de festas e prendas. E do mais gastronómico passeio do Moto Clube do Porto. Com forte apoio da MotoTrofa, a viagem apontava desta feita para Norte, até bem junto da fronteira espanhola, com Valença preparada para acolher a gulosa caravana. Mas, pelo meio, cerca de 150 quilómetros de boas estradas e agradáveis paisagens, marcadas pelas belas cores de outono, num dia soalheiro e com temperaturas que até fazem esquecer a época do ano em que estamos. Um agradecimento muito especial ao S. Pedro pela excelente colaboração!
Mas comecemos pelo princípio! Manhã bem cedo e, ainda antes da partida para a estrada, começava o evento Em Busca dos Sabores 2016, com o tradicional bolo da Trofa e os famosos jesuítas de Santo Tirso a acompanharem os sumos e café com que o concessionário Honda da Trofa recebeu os 128 participantes no Passeio de Natal MCP/MotoTrofa. Imbuído do espírito que norteia esta passeata, Francisco Silva proporcionou surpresa de última hora, sob a forma de mais um complemento doceiro tradicional da região e que fez as delícias de muitos. Barriga compostinha para arrancar rumo a norte, pela N14 e N204, passando ao largo de Famalicão e Barcelos para abreviar uma viagem que se previa intensa pelas mais reviradas estradas minhotas. Passado o Neiva e com Balugães para trás, começou a parte realmente interessante da jornada, com agradáveis estradas, quase desertas e com asfalto geralmente em bom estado, começando em Carvoeiro, passando por Vacaria e Geraz do Lima, para, depois de atravessar o Rio Lima, passar por Meixedo e Montaria, virando então para a primeira paragem do dia, na Senhora do Minho.
E no ponto mais alto da serra de Arga, a cerca de 800 metros de altitude, depois de longa subida em piso mais propício a baixas velocidades, encorajando tranquilo apreciar da paisagem, os passeantes foram recebidos com grande calor humano. Do presidente da Junta de Freguesia de Montaria, Carlos Pires, ao dono da Casa Caçana, Manuel Paulo, passando por elementos da Confraria de Nossa Senhora do Minho que, tão simpaticamente, abriram as portas da igreja, onde foi possível ver a única Nossa Senhora vestida com trajes minhotos, como da gruta da aparição e onde está estátua em granito da santa, bem como das instalações da Confraria. E aí, o típico e picante chouriço da terra juntamente com queijo artesanal acompanharam o champarrião, essa bebida tipicamente nortenha, mistura em doses acertadas de vinho verde, cerveja, açúcar, canela em pau e um pouco de café, ou para os mais cuidadosos com o estômago, chás com os mais diversos paladares e bolachas artesanais em prova de produtos promovida pela Gourmet & Julieta.
Tempo para apreciar vistas únicas em dia razoavelmente limpo, que deixou contemplar o rio Lima até à foz em Viana do Castelo, mas também Barcelos, Ponte de Lima ou Valença, antes da fotografia de grupo, frente ao santuário desenhado pelo arquiteto Ovídeo Carneiro e perfeitamente integrado na paisagem granítica da Serra de Arga. Folgados, desceram os sócios e amigos do Moto Clube do Porto juntamente com os cliente e amigos da MotoTrofa até à aldeia da Montaria para agradecer tamanha simpatia. Momento de singela homenagem com “hora de ponta” causada pelas 85 motos, antes da passagem do rio Âncora (que nasce na Senhora do Minho) entre Amonde e Dem, atravessando a Serra de Arga até Covas com passagem por Arga de Baixo e sobre mais um rio, o Coura, cujas águas ajudam a refrescar o mais antigo e célebre Festival de Verão.
Requinte gastronómico em local de grande espetacularidade
De forma tranquila, com passagem por Cornes e os últimos quilómetros pela Nacional 13, chegou-se a Valença e ao amplo espaço de estacionamento no parque da Quinta do Prazo, cujo jardim e vistas sobre a monumental catedral de Tuy causaram primeiro impressão muito agradável a todos os participantes. Que logo se renderam às excelentes entradinhas, preparação para um especial caldo verde, receita típica minhota e que foi consagrada em 2001 como uma das Sete Maravilhas Gastronómicas de Portugal. O bacalhau à São Teotónio, homenagem ao primeiro santo português, nascido em 1802 em Tardinhade, Gafei, Valença do Minho, foi magistralmente acompanhado pelo vinho verde da região proposto pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, ou por maduros da Vallegre, brancos e tintos, produzidos na Quinta da Vista Alegre, sobranceira ao Douro, fez as delícias de todos. Que quase não tinham espaço para uma sobremesa única, preparada com todo o carinho pela “chef” Amaya Guterres que, juntamente com o marido Paulo, gerem este espaço, normalmente utilizado para casamentos, batizados e outras festas, e que excecionalmente abriu as portas para o Passeio de Natal do Moto Clube do Porto e da MotoTrofa, excelente descoberta do Paulo Ribeiro e da Isabel Vilas Boas, mentores deste passeio. Os borrachinhos de Valença remataram em beleza o excelente almoço, servido de forma eficaz e simpática, num local que mereceu elogio unânime pela beleza e classe. E que serviu de palco muito digno para o sorteio de várias lembranças – de grande utilidade, diga-se – oferecidas pela MotoTrofa e pela Gourmet & Julieta. E até os Corpos Sociais do MCP ofereceram uma “rica prenda” para sortear, o Ernesto. Que saiu ao “sortudo” do Graciano Albuquerque que, inspirado pelo espírito natalício, logo o devolveu para novo sorteio…
Na rota dos mistérios do Gin Tinto
Grande galhofa antes da douta explicação de João Guterres sobre bebida única no Mundo e que, também pela força da moda, todos queriam provar. O Tinto Red Premium Gin, feito a partir de 14 ingredientes, todos desta região minhota, do loureiro à folha de salgueiro, das ervas de S. Roberto à lúcia lima, da folha de eucalipto à casca de laranja verde, da nevêda à flor de sabugueiro, das papoilas à alfazema, das amoras silvestres ao alecrim, sem esquecer o perico, fruto típico de Valença e que resultou da enxertia da pereira numa planta invasora, normalmente utilizada para separar as propriedades agrícolas. Sabor de marcada diferença, de grande frescura e elegância no aroma como no paladar, face aos gins tradicionais, tipo London Dry, como o Opivm, outra das “descobertas” de João Guterres. Momento único em exclusiva Masterclass, em degustação que contou ainda com licores dos Cantares de Portugal, com sabores de arroz doce, pastel de nata, ervas aromáticas ou café.
E com boa disposição generalizada, lá foi o grupo fazendo as despedidas e, aos poucos, abalando até aos seus lares, aproveitando ainda a luz do fim de uma tarde com temperatura agradável. Remate perfeito num evento que reforça os pergaminhos no calendário anual de atividades do Moto Clube do Porto.
Para recordar um dia muito bem passado, nada como apreciar as imagens dos “fotógrafos de serviço” João Zagallo, Ernesto Brochado e Carlos Gomes
video de Nuno Palma