MC Porto e Antero continuam a proporcionar grandes passeios!
47 motociclistas numa caravana imaculada de 32 motos sem nenhuma carripana deleitaram-se à volta da Serra da Estrela no fim de semana de 22 e 23 de outubro deste 2016, numa passeata que tanto teve de maravilhas na paisagem como de iguarias à mesa. Com o generoso patrocínio Antero, o Moto Clube do Porto colocou de novo na estrada o já tradicional evento de outono em que estas duas entidades parceiras levam a conhecer regiões montanhosas e belíssimas. Após vários périplos pela Galiza e Trás-os-Montes, desta vez a Serra da Estrela foi o destino elegido, graças ao entusiasmo dos nossos sócios covilhanenses Rui Santos e Vítor Coelho, sempre muito bem ajudados pela Patrícia, Ana e Orlanda. Que quinteto fantástico!...
Mas, para se ser mais correcto, o passeio devia-se chamar À Volta da Serra da Estrela pois só entramos ligeiramente no Parque Natural para jantar e dormir no Luna Hotel Varanda dos Carqueijais. De resto contornamos sempre a serra, começando pelas aldeias de xisto da serra do Açor, seguindo-se o vale do Zêzere e Couto Mineiro da Panasqueira, para se terminar em concelhos de Belmonte e Sabugal, com sua fortíssima História!
Venha a nós o Vosso queijo
Com partida do renovado stand Antero, que até já tem espaço coberto para as motos, a comitiva rumou a sudeste, após o simpático reforço de pequeno-almoço oferecido pelo patrocinador dos Carvalhos.
A partida deu-se quase de noite, com encontro às 7.30h da manhã, pois o dia ia ser intenso.
A chuva não deixava ganhar tempo mas mesmo assim, a caravana rolou certinha e eficiente até Mangualde onde, na sede do motoclube local – obrigado por nos terem recebido - os nossos amigos da Covilhã já nos aguardavam com muito presunto, queijo e outras calorias! Uau! Com outro brieefing, apresentação dos novos cicerones e troca de galhardetes entre clubes, a caravana lá começou a rumar para as faldas da serra, contornando Gouveia e Seia.
Para trás, a amizade dos amigos do MC Mangualde e o curioso convite para no próximo dia 15 de Agosto voltarmos para a famosa Corrida do Pirilau, prova de “atletismo” onde se corre como se veio ao Mundo, com a cara escondida pelo capacete…
Xisto, curvas e javali com migas e couves
Com o prometido céu de aguaceiros, o S. Pedro ia secando a estrada e permitindo apreciar as matizes outonais dos bosques ribeirinhos do Alva por S. Gião e Vide. As estradas eram cada vez mais estreitas e lentas. E bonitas! As ruínas de ancestrais casas de xisto desfilavam entre medronheiros vermelhos de fruto e castanheiros carregadinhos de ouriços.
Também nos fomos apercebendo que cada vez há mais casas recuperadas à traça. Ainda bem.
E a aldeia de Piódão lá estava, com novos parques de estacionamento e esplanadas que a vão descaracterizando. Mas o seu núcleo fotogénico persiste, cada vez mais recuperado. Os lojistas assediam-nos mas não haja dúvida que a aldeia impressiona.
Tivemos pouco tempo para a desfrutar pois a barriga dava horas e faltavam 40 minutos de curvas até Fajão onde uma almoçarada aqueceu estômagos, arrebitou ânimos e deu alento para nova tarde serrana.
Eu vou, eu vou, para casa agora eu vou…
Com nevoeiros e sobes e desces constantes pelos mil metros de altitude e tabuletas informativas dedicadas aos ciclistas, cada vez mais aventureiros, as motos estacionaram no sempre surpreendente espaço mineiro da Barroca Grande, local onde se continua a extrair muito minério deste incrível Couto Mineiro da Panasqueira – que já teve 15.000 trabalhadores em simultâneo durante a enorme procura de volfrâmio da 2ª Guerra Mundial, com 6.000 (seis mil!) km de túneis e escavações subterrâneas (sim, em linha recta dá para atravessar o oceano até à América) e onde, actualmente se continuam a extrair 170 toneladas de escórias por hora, dia e noite, para uma produção diária de três toneladas de minério. Esta imensidão de entulho está a formar uma continuação da montanha com dois quilómetros e duzentos metros de altura. Impressionante!
E foi aqui que o entusiasta Sr. José Luís nos recebeu e guiou ao interior do “seu” Museu Mineiro, exposto no interior de uma réplica gigante de gazómetro, a lanterna individual dos mineiros.
Uma lição! Muito obrigado, Sr. José Luís!
Até deu para entrarmos debaixo da terra, sentindo um pouco a vida difícil do mineiro no interior das galerias.
Turismo Rural e motociclista
A tarde continuava escura e passou-se para a zona leste da serra, por Ourondo e Paúl até ao Tortosendo. É que é nesta terra que o Vítor Coelho e Ana edificaram um aprazível Turismo Rural “Biker Friendly”, a Villa Silene, com casinhas de pedra e madeira, decoradas com bom gosto e recheadas de sabores da serra. Queijo não falta, de muitas e variadas formas. Obrigado pela degustação! Mmmm. Estamos certos que fizeram clientes.
A noite caiu e a chuva também. Subiram-se as curvas na direcção das penhas da Saúde e estacionou-se na Varanda dos Carqueijais quase às cegas com o forte nevoeiro dos mil metros de altitude.
Os quartos renovados e o calórico jantar deixou a comitiva sorridente para uma noite de convívio no aconchegante hotel. E o vento a uivar lá fora…
O saber não ocupa espaço
As previsões metereológicas continuaram a acertar e o domingo acordou bem mais seco. Desceu-se ao vale e rumou-se a Belmonte onde a Câmara Municipal ofereceu a visita a dois dos seus vários museus:
o Judaico e o dos Descobrimentos. Dois locais que merecem visita. Temas muito diferentes mas completamente a propósito já que Belmonte tem uma das comunidades judaicas mais importantes de Portugal e com tendência a desaparecer já que Israel está a incentivar o regresso do seu povo.
E por Belmonte ser a terra natal de Pedro Álvares Cabral, o oficialmente responsável pelo descobrimento do Brasil, o Museu dos Descobrimentos, moderno e interactivo é uma fortíssima homenagem a todos os navegadores que catapultaram Portugal para o Mundo, um país que há 500 anos apenas tinha um milhão de habitantes e fracos recursos.
Sortelho Antero
Depois desta nova aula de história, mais uns quilómetros agradáveis até à ascenção a Sortelha, onde entramos “pelas traseiras”, o que até é mais pitoresco.
Meia hora para calcorrear ruelas e muralhas, fotografar e dar duas treta, foi o que se seguiu, nesta aldeia histórica que apenas tem um habitante entre muralhas.
E com nova almoçarada, a passeata terminou em beleza com o agradecimento ao quinteto covilhanense, a oferta de artesanato de lã da Orlanda a todos – muito giro, Orlanda, obrigado! – e o tradicional sorteio (ou será “sortelho”?) Antero.
O nosso patrocinador, representado pela Marinha, Humberto e Pedro Costa, ofereceu 10 peças de equipamento e vestuário, sorteados pelos presentes num bom momento de descontração e amizade.
Muito obrigado, Antero!
Faltavam duas horas e meia de caminho até casa e cerca de metade dos participantes mantiveram-se unidos em caravana, regressando com eficácia e calma, trocando mais umas gargalhadas na Área de Serviço de Vouzela.
As fotos não tem a qualidade das fotos da Delfina nem a luz de dias de sol. Mas que são de um passeio muito bem conseguido, são.
Aqui podem ver mais algumas do Abel Gomes
Obrigado ao Rui Santos e ao Vítor Coelho.
Agora, dia 13 de Novembro, Corno do Bico, em Paredes de Coura.
Porque a 15 de Agosto, todos a Mangualde, só de botas e capacete!