Concentrações invernais PINGUINS
“Para fazer uma aventura não é preciso um fato hipersónico”. Palavras sabias, que ouvi de um distinto socio deste clube. Efetivamente para realizar uma viagem internacional não é preciso ir “ao fim do mundo”, nem tão pouco ter uma mota “xpto”.
Fui pela primeira vez a esta concentração invernal, no início dos anos noventa, em passeio organizado pelo MCP.
Foi uma viagem muito difícil, debaixo de um temporal que mais parecia um diluvio. Percorri pela primeira vez as ruas estreitas de Tordesilhas, contemplando a festa brava com que os Espanhóis brindam as motas.
Desde esses anos loucos, anos 90, muita coisa mudou. A Concentração PINGUINS deu lugar a três concentrações distintas, duas delas com sobreposição de datas e uma terceira com uma semana de intervalo.
Vi como muitos Portugueses e Espanhóis, mesmo com recursos escassos, se aplicam para conseguir chegar a estas concentrações e desfrutar do ambiente magnifico que proporcionam.
Conseguir chegar e regressar é sempre difícil. Esse é o desafio de ir aos PINGUINS.
Lembro-me, numa viagem de regresso em que estava um vento frontal fortíssimo, encontrar dois jovens da cidade da Covilhã. Não tinham mais de 18 anos de idade. Conduziam duas cinquenta. Estavam abrigados do vento numa área de serviço, sentados no chão. O vento era tão forte que as cinquenta não conseguiam progredir. Tinham tão poucos recursos, ainda assim lá estavam eles, de regresso, superando as dificuldades.
Ao longo dos últimos 30 anos, tenho ido regularmente a estas concentrações. Sempre consegui chegar. Até no ano de 1999. Seguramente a viagem mais difícil que fiz em toda a minha vida. Sozinho na estrada durante toda a viagem. No centro da cidade de Zamora, um reclame de uma farmácia marcava doze graus negativos. Nevava muitíssimo. Ainda assim, consegui chegar à concentração. Não estava lá quase ninguém.
Acontece que sempre tive um problema familiar com a data da concentração. Casei com a Neusa no dia 12 de janeiro. A concentração é no segundo fim de semana de janeiro. Gerir a comemoração dos anos de casado com a ida para a concentração não foi fácil para o casal.
Curiosamente a vida muda, os filhos crescem, e a Neusa passou a conduzir mota. Passamos a celebrar os anos de casados com a ida a esta concentração internacional.
Normalmente vou com a Neusa à concentração dos PINGUINS e na semana seguinte vou com os meus dois filhos à concentração dos MOUTAUROS. Sim duas vezes no mesmo ano.
Partimos para os PINGUINS normalmente à sexta-feira, da parte da manhã. O objetivo é passar a noite de sexta no recinto da concentração e assistir à “passagem de ano motero”. Muito engraçado, com champanhe e pinhões à mistura. Termina sempre com um espetáculo musical. No sábado de manhã, o ponto alto da concentração é o desfile pela cidade de Valladolid. Normalmente regresso no sábado depois de almoço.
Os MOTAUROS são na semana seguinte da concentração PINGUINS. Realiza-se em Tordesilhas, no local original das primeiras concentrações PINGUINS. É uma concentração com pessoas mais jovens e por isso mais fiel à festa brava das concentrações iniciais.
Por último, os PINGUINS – LA LENDA CONTINUA. Realiza-se na mesma data dos PINGUINS de Valladolid, mas na povoação de Cantalejo, Segovia. O número de participante é muito mais reduzido e a pequena povoação não proporciona as comodidades de Valladolid e Tordesilhas.
Coisas simples que a vida nos proporciona.