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Penitência e aleluia em Lamego

À Descoberta de muito património religioso e belezas naturais com o MCP e a MotoTrofa

A chuva, extremamente necessária depois de meses de escassa pluviosidade que quase ditam regime de seca extrema em Portugal, foi penitência cumprida pelos participantes do À Descoberta 2019, em redor de Lamego, entre os rios Douro, Varosa e Balsemão. Divina provação que quase diluiu algumas das cénicas paisagens e obrigou a redobrar atenções na estrada, mas que não roubou sorrisos no rosto de todos os mototuristas. Que, ao longo das várias paragens em locais de marcante importância histórica e religiosa, foram pedindo ajuda divina para umas ‘abertas’ que permitissem guardar os fatos de chuva e desfrutar do passeio preparado pelo Moto Clube do Porto com importante apoio da MotoTrofa.

Evento que começou na sexta-feira, abrindo o Secretariado na sede do Clube Automóvel de Lamego – presidido pelo incansável Paulo Gonçalves e oferecedor de enormíssima ajuda na organização e realização do passeio – para permitir aqueles que, sobretudo viajando de mais longe, queriam aproveitar ao máximo um fim-de-semana muito promissor. Claro que, em grupo, recordando amizades e antecipando animação, houve tempo e ocasião para saborear as mais deliciosas joias gastronómicas da região do Alto Douro, do famoso Vinho do Porto ao excelso presunto, dos mais diversos enchidos e queijos, sempre acompanhados por excelentes vinhos durienses, até aos doces tradicionais saboreados na Presunteca, agradável espaço de obrigatória paragem em plena Nacional 2.

Momentos de grande diversão antecipando dia que começava cedo, com partida junto ao CTOE – Centro de Tropas de Operações Especiais, onde são formados os conhecidos ‘rangers’ de Lamego – com visita à Igreja de Santa Cruz, parte mais visível do Convento com o mesmo nome, construído para doação aos frades Lóios, em 1596 e que, desde a Extinção das Ordens Religiosas, em 1834, conserva a vocação militar. Primeira visita do dia que deu particular destaque ao amplo interior, de uma só nave, onde sobressaem o refinado trabalho em talha de ouro que ornamenta as capelas lareais e os azulejos seiscentistas com cenas da vida de Santo António de Lisboa e S. Bento de Múrcia. Momento histórico antecedendo os primeiros quilómetros, debaixo de chuva intermitente e algum frio, até à Ponte Fortificada de Ucanha construída pelos romanos e incluída numa estrada que por ali passava. Ponte que, no século XII, foi doada juntamente com o couto de Algeriz e o território de Ucanha por D. Afonso Henriques à viúva de Egas Moniz, Teresa Afonso, que por sua vez o doou ao Mosteiro de Santa Maria de Salzedas (que ela mesmo criara e que a caravana haveria de visitar mais tarde), acabando os monges por muito beneficiar da velha ponte, ali cobrando direitos de portagem aos que o rio Varosa queriam atravessar. Na precursora de ideias geniais que a ‘nossa’ Brisa haveria de aproveitar, foi possível apreciar ainda a exposição ‘Há Ir e Voltar’, da reputada fotojornalista Lucília Monteiro, uma das 4 iniciativas simultâneas integradas na 7.ª edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa. E houve quem aproveitasse para um reforço alimentar, mesmo por baixo do arco da torre adossada à ponte em 1465 pelo Abade de Salzedas, D. Fernando, com queijos, compotas e enchidos devidamente acompanhados por deliciosos néctares, juntando alguns produtos locais a outros trazidos de casa, fosse de Paços de Ferreira ou de Coimbra.

Os rojões, os mosteiros e o espumante

Espécie de aperitivo para a grande surpresa que esperava os viajantes na Junta de Freguesia da Várzea de Abrunhais, onde o seu presidente, Carlos Rodrigues, introduziu excelente repasto, com suculentos rojões cozinhados em tradicional panela de ferro, capaz de surpreender o mais incauto dos estômagos, antes de agradecer ao Moto Clube do Porto a visita. Com digestão ajudada por um jogo de futebol (de matraquilhos…), tempo para rumar dois mosteiros que foram (e são!) marcos indeléveis da importância da Igreja em terras lamecenses. Em São João de Tarouca, a muita chuva que entretanto brindou a caravana, levou a duas tomadas de posição face à inclemência de S. Pedro: Houve quem prontamente seguisse viagem na esperança de encontrar adiante clima mais simpático, enquanto outros, aproveitando o resguardo proporcionado pela Igreja daquele que foi o primeiro mosteiro da Ordem de Císter em Portugal, apreciaram a riqueza do edifício de planta cruciforme e onde se mesclam elementos do românico e gótico. Sobreposição de estilos bem patente nas paredes de aspeto inacabado, deixando ver os arcos, colunas e capitéis da obra inicial começada em 1140 por debaixo das remodelações feitas durante o século XVI, altura em que o complexo monástico foi largamente ampliado com a construção de outros edifícios, com destaque para o imponente dormitório de dois pisos, de características únicas em Portugal. Entre as muitas explicações dadas pela D.ª Rosa Matias que, de forma simpática e explícita, ciceroneou o grupo, nota para as pinturas que encimam o cadeiral dos monges, representando figuras proeminentes da ordem cisterciense, nomeadamente diversos abades e papas, ou o túmulo do Conde D. Pedro.

Da mesmo ordem religiosa, o Mosteiro de St.ª Maria de Salzedas foi palco da paragem seguinte não sem antes olhar de soslaio para a muy antiga Vila da Rua e para a pouca cheia Barragem de Vilar, represa do rio Távora e repartida entre os concelhos de Sernancelhe e Moimenta da Beira. Construído no Séc. XII, o mosteiro de Salzedas foi ampliado nos séculos XVII e XVIII ganhando novo claustro, da Colação, desenhado pelo arquiteto maltês Carlos Gimach. Espaço de sóbria beleza, mas a que a intempérie e o cedo anoitecer conferiu ar apocalíptico, aconselhado rápida viagem até Lamego onde, ainda antes de animado jantar, houve tempo para descobrir as caves Raposeira, um dos mais conhecidos espumantes naturais portugueses (desde 1898), integrado na região vitivinícola Távora-Varosa. Do elaborado processo de fabrico aos extensos túneis de granito que conservam em ótimas condições naturais mais de 11 milhões de garrafas, tempo para conhecer a história de uma bebida que, afinal, é mais portuguesa do que se pensa, provando ainda o inconfundível sabor dado pelas bolinhas naturais.

Depois da tempestade… até ao almoço final

Após um primeiro dia verdadeiramente invernoso, em que a chuva parece ter abençoado as religiosas visitas a mosteiros e igrejas, escondendo, porém, as belas paisagens em quase impenetrável véu de nevoeiro e humidade, nada como um lindo dia de outono para rematar a edição de 2019 do À Descoberta, por Lamego. Céu limpo em verdadeiro ‘domingo de aleluia’, de um azul sorridente que ajudava a esquecer as baixas temperaturas, marcou um trajeto que alternou entre estradas míticas, como a N2 ou a 222, e serpenteantes troços através de florestas autóctones, de verdejante frescura e muita humidade. Condução entre o divertido ‘arredondar de pneu’ com que começou o dia pela N2 até à mais torneada estrada pela encosta rumo a S. Martinho de Mouros, com cautelas acrescidas ditadas pela terra e pedras que a intensa chuvada da véspera trouxe para o asfalto. Ali, na freguesia que foi sede de concelho entre 1121 e 1855 e que é uma das mais antigas do concelho de Resende, a Igreja de São Martinho de Mouros recupera do desgaste centenário da obra erigida no Séc. XII, justificando o investimento total de 123 473,55 euros na conservação e restauro de retábulos, teto, púlpito e esculturas testemunhado pelos participantes no evento do Moto Clube do Porto, mesmo antes de agradável reforço do pequeno almoço.

É que o almoço final – muito agradável no Restaurante O Paiva – ainda distava muitos quilómetros e pelo caminho estava prevista nova paragem, no Mosteiro de Santa Maria de Cárquere. E que só não foi maior porque na Igreja Paroquial, fundada no Séc. XII pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, era celebrado um batizado que apressou o regresso da comitiva a Lamego. Mas não sem antes apreciar o exterior, de base românica, da igreja que é apontada na Crónica de 1419, como local da milagrosa cura de D. Afonso Henriques que, por via da resolução da má formação nas pernas do que viria a ser o primeiro Rei de Portugal, D. Henrique, seu pai, ali mandou construir o Mosteiro. Ponto final do À Descoberta 2019, pleno de descobertas históricas e religiosas, gastronómicas e paisagísticas na recheada região de Lamego, com a excelente companhia dos amigos do Clube Automóvel de Lamego.

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FIM MOTOTOUR OF NATIONS 2019

FIM MOTOTOUR OF NATIONS 2019Encontro de culturas num clássico do moto turismo internacional

5 a 8 de setembro – Castelo de Vide

6.ª edição com a maior participação de sempre

O 4.º evento anual do Calendário Clássico mundial da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) reuniu este ano, em Portugal, 290 participantes provenientes de 14 países. O encontro teve lugar em Castelo Vide, onde a caravana internacional deu início à aventura desbravando a história e a cultura da região do Alto Alentejo.

A primeira edição do evento teve lugar em 2013, em Itália, Áustria e Eslovénia. Trata-se de um evento de moto turismo puro, rolante, com a caravana – itinerante – a conhecer a região do clube/país organizador, tendo como mote elevados padrões de qualidade e conforto na visita aos principais pontos de atração das regiões percorridas.

Habituado a grandes desafios e com uma experiência alicerçada em inúmeros eventos internacionais, o Moto Clube do Porto volta assim às grandes organizações reforçando o ecletismo e imagem internacional. Nesta 6.ª edição do evento, decorrido entre 5 e 8 de setembro, a inovação e a qualidade tiveram lugar de destaque surpreendendo todos os motociclistas internacionais que visitaram Portugal.

Com epicentro em Castelo de Vide, o Mototour 2019 teve como tema central o regresso à natureza e ao encanto e tranquilidade da atmosfera rural, proporcionando uma experiência única repleta de fantásticas paisagens, elegantes e acolhedores alojamentos de turismo rural, solares históricos e pequenos hotéis de charme. Uma viagem cultural inesquecível onde se destacou ainda a gastronomia tradicional alentejana. A originalidade esteve também presente na escolha dos percursos com enorme variedade de estradas, onde o prazer de condução ganhou outro ímpeto graças ao enquadramento paisagístico desenhado por amplas searas, grandes olivais, serras, planícies e rios. Variedade também nos monumentos que sublinham séculos da rica história lusitana, da presença dos povos pré-históricos, árabes e romanos, das batalhas pela independência. Percurso pelas memórias de um país bonito e seguro, onde a hospitalidade das gentes deixa marca indelével no coração de quem o visita. Esta foi uma oportunidade única para descobrir a serenidade do interior, usufruindo ao máximo da moto no encontro com valores imutáveis, com elevada qualidade e excelência organizativa à medida do Moto Clube do Porto.

O programa de 3 dias + 1 (Programa Opcional) foi marcado pelo caloroso convívio entre os participantes das diferentes nacionalidades - Andorra, Bélgica, Canadá, Croácia, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Itália, Irlanda, Portugal e Suíça.

Fomos bafejados pelo bom tempo, com sol abundante, temperaturas altas e boa visibilidade na estrada, o que muito contribuiu para um incrível fim de semana de verão no interior. O ritmo de andamento foi calmo e ordeiro e o grupo - dividido em quatro subgrupos de motociclistas encabeçados cada um por 5 marshalls do Moto Clube do Porto, avançou em caravana internacional dando início à descoberta na região do Alto Alentejo.

O programa idealizado pelo Moto Clube do Porto, abrangeu uma vasta quantidade de visitas que destacaram de forma única, a riqueza e a história da região, sem que estas se impusessem ao ritmo tranquilo e casual do passeio.

Dia 1

Como é habitual, o primeiro dia foi tempo de chegada, entrosamento, conhecimento e adaptação dos participantes, o que aconteceu de forma natural e muito espontânea. O check in decorreu conforme previsto e dentro dos horários estabelecidos num ambiente fluído de boa disposição. A receção decorreu no hall da Câmara Municipal de Castelo de Vide.

Após o processo de inscrição, todos os participantes foram encaminhados e distribuídos pelas 22 unidades hoteleiras criteriosamente selecionadas, situadas em locais estratégicos de uma enorme beleza natural e tranquilidade únicas. No final do dia, o shuttle recolheu todos os participantes para o jantar, que todas as noites decorreu em Castelo de Vide, numa majestosa tenda montada para o efeito numa rua encerrada ao trânsito para o evento.

Destaque para a qualidade excecional do catering ao jantar, bem como a grande diversidade de petiscos regionais servidos ao longo do dia, como a bochecha de porco, as migas ou as açordas.

A gastronomia de excelência foi um dos aspetos ao qual dedicamos especial atenção nesta edição do Mototour of Nations dando a conhecer os sabores locais aos visitantes das várias nacionalidades.

Dia 2

Brindados por um sol radioso, iniciamos o segundo dia do passeio com excelente disposição tirando o maior partido da condução até Mosteiros, onde parámos para um coffee-break.

A primeira visita impunha grande expetativa, desta vez pela modernidade arquitetónica: o Centro de Ciência do Café e a Adega Mayor, uma obra grandiosa e talvez um dos menos conhecidos projetos do aclamado arquiteto português Álvaro Siza. Foi surpreendente assistir à inusitada planície verdejante assinalada por uma estrutura modular imersa na paisagem.  

A hora de almoço estava reservada a explorar Ouguela e o seu castelo, onde desfrutamos de uma pausa assistindo a um cenário único. A paisagem, a história e a cozinha local uniram-se numa experiência singular: um delicioso repasto feito de saborosos churrascos com vistas deslumbrantes para a paisagem que se erguia entre as ameias do castelo.

Seguimos em direção a Elvas e ao Forte da Graça.

Pitoresco e encantador, o centro histórico de Elvas, mais precisamente a Praça da República, foi o local eleito para refrescar e esticar as pernas. O próximo destino seria o Forte da Graça onde nos esperava um petisco farto e surpreendente enquadrado na belíssima arquitectura do Forte, tendo como pano de fundo a imponente casa do Governador, agora restaurada.

Seguindo o programa definido, dirigimo-nos para a idílica vila de Marvão, onde nos aguardava um dos momentos mágicos deste passeio. Situada no topo da Serra do Sapoio, Marvão ofereceu-nos uma visão digna de conto de fadas: a atmosfera quente, o horizonte a perder de vista e o pôr do sol, foram os protagonistas de um relaxante final de tarde de verão.

Depois de um dia intenso repleto de conhecimento e sabores, regressámos a Castelo de Vide, onde se realizou o jantar seguido do merecido descanso! O dia seguinte reservava-nos novas e enriquecedoras experiências.

Dia 3

Após uma hora de ameno passeio em estrada, avistamos Vila Viçosa, pequeno tesouro do Alentejo profundo, repleto de história e sabedoria.

Aqui esperava-nos um café da manhã, ao estilo de pequeno almoço, para nos aconchegar para a visita ao fantástico museu dos Coches.

Vila Viçosa alberga, desde o início do século XVI e até à Proclamação da República (5 de outubro de 1910), o Paço Ducal, residência oficial dos Duques de Bragança. Nas antigas cocheiras do palácio está instalada uma seção do Museu Nacional dos Coches, que conta com 73 veículos.  

O almoço em Évora Monte foi uma verdadeira festa para os sentidos! O fabuloso Bacalhau à Brás e a sua versão vegetariana muito se assemelhavam, tal a qualidade da confeção! Para além deste prato tão português tivemos oportunidade de nos deleitar com variados petiscos locais e bebidas bem frescas, que muito bem nos soube neste dia particularmente quente.

Depois da merecida pausa e deleite gastronómico, seguimos para Estremoz, onde visitamos as singulares pedreiras de Mármore de Estremoz.

Nas imediações de cidade avistámos os locais de extração do mundialmente famoso mármore que pede emprestado o nome à cidade. O contacto com esta natureza branca e rude gerou um entusiasmo inesperado, despertando os sentidos a todos os participantes. Na antiga pedreira que visitámos, a visão incrível de uma cratera profunda inspirou a imaginação e a curiosidade de todos. Testemunhar um tesouro proveniente das entranhas das terras alentejanas, tão apreciado em todo o mundo, recordou-nos da riqueza diversa e única do nosso país, reconhecimento validado pelo olhar arrebatado de todos os participantes nacionais e estrangeiros.

Seguir-se-iam outros segredos bem guardados destas paragens: o Museu dos Bonecos de Estremoz.

Visível ao longe graças ao caraterístico branco que decora o exterior das casas, Estremoz espalha-se ao longo de uma colina, protegida pelas velhas muralhas e pela imponente Torre de Menagem.

Mas Estremoz tem mais, muito mais para ver! Tem até os únicos bonecos que fazem parte do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Ou melhor, o primeiro figurado do Mundo a merecer a distinção da UNESCO. Arte popular que conta com mais de 300 anos de história vulgarmente conhecida como ‘bonecos de Estremoz’.

Prosseguimos para Arronches e aqui fizemos uma paragem para um coffee break numa das mais interessantes unidades museológicas da região, inaugurada há pouco mais de dois meses.

O Museu CEIRA (Centro Interativo da Ruralidade de Arronches) convidou-nos para um mergulho na história dos ofícios e tradições, costumes e utensílios da vida no campo. A abordagem interativa deste novo espaço museológico foi uma surpresa que facilmente nos fez recuar no tempo reproduzindo antigas vivências.

O final da tarde foi tempo de recarregar energias no hotel para mais tarde desfrutar do Jantar de Gala em Castelo de Vide. Na nossa tenda habitual demos por terminada a aventura por terras do Alto Alentejo, celebrando com profusa alegria a partilha de mais uma experiência incrível. Aqui foi servido o Jantar de Gala com menu recheado de entradas e prato típico da região. Os prémios de Federação mais representada bem como o prémio de Moto Clube mais representado foram atribuídos de forma simples, seguindo-se o agradecimento pela colaboração a todas as entidades envolvidas, e a todos, a sua presença imprescindível para que o Mototour 2019 fosse um sucesso!

Na agenda ficou assinalado novo encontro para 2020, desta vez na Dinamarca.

Dia 4 – Programa Opcional

Cerca de metade dos participantes iniciais elegeram este dia para prosseguirem viagem em direção a suas casas. Os restantes acompanharam um Programa Opcional concebido pela organização do Moto Clube do Porto fechando com chave de ouro este inesquecível Mototour.

Deixamos Castelo de Vide e partimos rumo a Alter do Chão, com tempo para conhecer o museu Álamo, o Castelo e o centro de uma vila. O almoço decorreu no Mercado Municipal e mais uma vez pudemos deliciar-nos com segredos da cozinha local.

Após almoço volante onde foram apresentados deliciosos petiscos regionais, seguimos viagem em direção a Fronteira pelos belos caminhos alentejanos, percorrendo grandes retas e também bonitas curvas, num deleite de condução em estradas muito bem conservadas e quase sem trânsito!

A seguir ao coffee-break na vila de Fronteira, deixamo-nos surpreender pelo horizonte amplo e claro com que nos brindava o acesso à Senhora da Penha, por caminhos através de “Carreiras”, sempre com surpreendentes vistas sobre a cidade de Castelo de Vila. 

Conhecemos a interessante lenda da Senhora da Penha e subimos a longa escadaria construída na Serra de São Paulo, até à Ermida de Nossa Senhora da Penha. As vistas altaneiras sobre Castelo de Vide e sobre grande parte do Parque natural da Serra de São Mamede surpreenderam todos os presentes.

O fim da jornada terminou com o regresso a Castelo de Vide, jantar e encerramento final do programa do FIM Mototour of Nations 2019 para os participantes que se juntaram a nós neste dia excecional.

Apesar das dificuldades inerentes à logística que envolve uma organização desta envergadura, o Moto Clube do Porto provou mais uma vez a sua vasta experiência e capacidade na organização de grandes eventos, que nesta ocasião contou com a colaboração incansável de 30 membros na organização e com o generoso acolhimento e hospitalidade de todas as cidades e vilas que nos receberam de braços abertos e nos deram a conhecer a sua história, os seus monumentos, a sua farta mesa e as suas tradições. Todos os participantes ficaram rendidos a esta experiência, uma forma diferente de fazer turismo sobre duas rodas numa harmonia perfeita com a natureza, a gastronomia e as memórias do Alto Alentejo, que agora são também de todos nós.

Todas as fotos no site do evento --> http:\\fim-mototour2019.pt