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TWC FIM Cross Egypt Challenge

Este era o último desafio do Moto Clube do Porto antes de poder atingir o objectivo a que se tinha proposto no início do ano – vencer pela quinta vez consecutiva e conseguir o “Penta” no Touring World Challenge da FIM.

Chegados a Alexandria, houve tempo para conhecer esta cidade, idealizada de raiz por Alexandre o Grande que, com isto, deixou mais um legado para a história; na verdade esta cidade foi (e continua a ser) uma porta para o comércio, onde podemos ver, e ficar a conhecer melhor, muita da história egípcia – as catacumbas, a citadela, … - além do legado inglês, visível na arquitetura de alguns dos seus edifícios e nos hotéis, que mantiveram o visual da primeira metade do Séc XX. Estes 2 dias serviram também para conhecer os outros participantes no evento; além dos já nossos conhecidos participantes no TWC, havia ainda australianos, mexicanos, americanos….

Mas vamos ao que interessa: primeiro dia, com despertar às 5:00 para ir levantar as SYM Fiddle 150, saída de Alexandria às 6:30 atrás de escolta policial e primeiro contacto com os condutores egípcios – nada de especial. Rumo a sul fomos encontrando estradas largas (2/3 faixas de rodagem em cada sentido e com uma enorme distância entre os 2 sentidos), muitos controlos policiais e imensas lombas; a cada 100km fazíamos paragem para reabastecimento e, numa delas, tivemos direito a um “MacFalafel” coisa que só existe nos Mac’s do Egipto e de Israel; o dia terminou em Fayoum num hotel encostado ao Nilo. O segundo dia levou-nos sempre junto ao Nilo até Mynia, num percurso pouco interessante, tendo chegado cedo ao hotel; como só se podia sair do hotel com escolta policial, optamos por ficar a descontrair na piscina. O dia seguinte prometia – 450km até Luxor; estradas sempre muito largas, reabastecimentos a cada 100km, paisagem algo monótona pois o deserto pedregoso mantém sempre a mesma cor, sem grandes desníveis, mas com os habituais controlos policiais. Chegamos ao hotel “em cima do Nilo” e só deu tempo para um duche rápido, roupa fresquinha (estavam 36º) e toca a ir visitar as “pedrinhas” do templo de Luxor onde pudemos apreciar toda a grandiosidade daquelas obras de arte que resistiram séculos; o sol já tinha desaparecido quando nos dirigimos para o templo de Karnak para o espetáculo de luz e som, interessante e bem conseguido mas que não nos possibilitou uma visita a “todos os cantos” como em Luxor. O dia seguinte era de “descanso”, mas a alvorada foi às 4:00 para um vôo de balão sobre o vale; impossível descrever a experiência de planar sobre os templos e o vale dos Reis, em silêncio (só entrecortado pelo queimador), a ver o nascer do dia e o sol a aparecer no horizonte…, infelizmente o vôo chegou ao fim e foi tempo de continuar as visitas - os Colossos (realmente impressionante o tamanho dos blocos de granito onde foram esculpidos), os túmulos do Vale dos Reis (com as suas pinturas com mais de 3 mil anos) e o Templo de Hatshepsut - antes de regressar ao hotel onde aproveitamos para passar o resto do dia na piscina. Após este dia de “descanso” o Challenge continuou em direção a sul e à cidade de Asswan, ou melhor aos seus arredores, numa zona em que impera a herança Núbia na arquitetura (muito colorida e “africana”), nas pessoas (mais afáveis) e terminando na cozinha (parecida com a marroquina). Seguiu-se “o dia mais longo” (com saída às 5:30) pois estavam prometidos 490km e tivemos a primeira experiência de “afinal quem manda aqui?!” - chegamos a uma rotunda e a estrada por onde devíamos seguir estava barrada por um controlo policial; mostra autorizações e outros documentos oficiais, telefona para este ministério, depois para outro e, ao fim de meia hora, a barreira abriu-se e pudemos seguir caminho. Finalmente chegámos às montanhas e desfiladeiros, para variar do deserto dos dias anteriores. Com todas as peripécias, a chegada a Marsa Alam e ao hotel junto ao Mar Vermelho foi cerca das 16h para almoçar; mesmo assim, ainda deu tempo para ir dar uns mergulhos até ao pôr do sol. Os dois dias seguintes foram “peace of cake”, poucos kms feitos a rolar junto ao Mar Vermelho, com dormida em Hurghada e Ain Sokhna, aproveitando sempre para uns mergulhos depois da chegada aos hotéis. O último dia voltou a proporcionar-nos a travessia da cordilheira que ladeia o Mar Vermelho (embora não muito alta tem encostas abruptas e desfiladeiros) antes de nos apresentar o último desafio – mais de 3kms de todo-o-terreno – no acesso às pirâmides Curvada e Saqqara (impressionantes, embora não tão grandiosas como as de Gizé) onde terminava oficialmente o Cross Egypt Challenge; cerimónia de encerramento, discursos e entrega dos diplomas antes da ligação ao hotel onde entregámos as scooters e recebemos a bagagem. Duche, roupa “à civil”, uber (sim, no Egipto há Uber), aeroporto e regresso a casa. E assim terminou, com sucesso, a volta ao Egipto 2024 e a participação deste ano do MCP no TWC.

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Olé, Granada, Olé!

MCP no FIM Mototour das Nações 2024

E Granada foi a cidade escolhida para acolher este evento internacional sob égide da FIM.

Localizada no sul de Espanha e de mãos dadas com a Serra Nevada, prometia ser um lugar fantástico.

Assim, na última semana de Agosto, todos os caminhos iam dar a esta cidade da Andaluzia.

Em grupos pequenos ou maiores, uns por autoestrada, outros por nacionais, a comitiva portuguesa constituída por amigos e sócios do Moto Clube do Porto, com 34 participantes em 25 motos (e, puxando a brasa à minha sardinha, 4 delas conduzidas por mulheres), chegava a Granada.

No dia 27, estávamos todos reunidos e prontos para os dias que se avizinhavam quentes, mas recheados de boas curvas e convívio.

Era já meio da tarde, com um calor abrasador, quando o Mototour começou com chave de ouro: visita a Alhambra.

Foi construída durante o reinado de Muhammad II, em 1238, quando Granada era a capital do último território muçulmano em Espanha.

A intenção era proteger a população de Granada dos ataques dos cristãos.

A sua beleza é indescritível.

Além de uma fortaleza, tem um palácio e uma cidadela rodeados por muralhas, extensos jardins e torres. Chegou a ter mais de 2000 habitantes sendo que, agora, apenas uma família mora lá.

Os interiores com raízes islâmicas são de perder a respiração com tanta beleza…

O palácio é uma encantadora mistura de azulejos, pátios, jardins e lagos que se unem com a natureza.

Foram horas a saborear cada recanto enquanto éramos surpreendidos com as histórias que a guia contava.

Chegámos cansados ao final do dia, mas maravilhados.

O dia seguinte, era o primeiro dia oficial do Mototour.

Partimos às 09h00 em ponto e embrenhámo-nos no Parque Nacional da Serra Nevada. 

De vilarejo em vilarejo, as motas seguiam pelas curvas e contra-curvas.

A primeira paragem foi numa vila chamada Pampaneira.

Uma aldeia alpujarrenha com os seus telhados de ardósia e suas casas brancas que faz parte das aldeias mais bonitas de Espanha.

Seguimos viagem até Trevélez – o município mais alto da Península Ibérica.

Aqui, visitamos uma empresa familiar dedicada à produção de presunto. Depois de uma explicação sobre "jamon", tivemos uma degustação de presunto e queijo acompanhados por um copo de vinho... Que delicia...

Para desgastar as entradas, uma caminhada que mais parecia uma peregrinação até ao sítio do almoço, mas, até houve quem corresse naquela subida ingreme…

Na varanda de um tasquinho típico e com uma vista para a serra nevada, foi o local escolhido para um belo repasto.

Já eram 16h, quando saímos da serra.

A maior parte da comitiva foi descansar, mas uma dúzia de resistentes foram ainda visitar o centro histórico de Granada.

A guia levou-nos pelas vielas estreitas da cidade, explicando que ali o importante eram as casas e, por isso, as ruas eram muito estreitas.

O centro histórico é uma miríade de edifícios com influências islâmicas.

Passámos pelo Passeio dos Tristes, uma rua estreita com lojas de um lado e rio do outro, com vista para Alhambra. E, chama-se assim porque antigamente era o passeio por onde passavam os mortos... Mas, actualmente, a rua é linda e de triste não tem nada.

Foi calcorrear as ruinhas e os recantos da cidade, tendo chegado a uma rua que me fez lembrar Marrocos. Lojas com especiarias… o cheirinho a invadir o olfacto… as cores... as lamparinas marroquinas… as peles… os salões de chá decorados como em Marrocos… foi a visita perfeita para terminar o dia.

O dia 29, quinta feira, amanheceu molhado.

Se nos dias anteriores queixávamo-nos do calor, S. Pedro deu-nos um dia nublado…. Mais fresco, perfeito para andar de mota.

A rota do dia era a Ruta del Califato.

Esta estrada foi um dos principais acessos na Península Ibérica, durante a Idade Média.

A primeira paragem foi em Alcalá la Real, na Fortaleza de la Mota.

A 1033m de altitude, encontrámos a muralha e vestígios da cidade renascentista.

A localização no alto permitia uma ampla vista sobre o território de Granada, tendo sido um dos mais complexos sistemas defensivos.

A vista era deslumbrante e as ruínas impressionantes.

Seguimos viagem por entre vales de oliveiras com o olfacto invadido pelo cheiro de azeitonas.

Estávamos em Priego de Córdoba, localizada no Parque Natural da Serra Subética, cuja principal actividade é o cultivo do olival.

Fomos a uma fábrica onde tivemos uma aula sobre produção de azeite e uma degustação de vários tipos de azeite - lamparte (muito fraco), virgem e virgem extra… só faltou um pãozinho...

Foi uma aula, para muitos, de tal forma relaxante que deu para descansarem os olhinhos.

Almoçámos por ali, umas tapas e depois foi fazer curvinhas, para digerir o almoço, até ao hotel.

O final da tarde foi de mergulhos, para uns, de partilha de histórias de vida, para outros… E que maravilha de histórias e de dia...

No dia 30 tínhamos a Ruta de Nazaries à nossa espera - que percurso espectacular.

A serra Mágina recebia-nos com um sol radiante.

Em nosso redor só montanhas verdejantes. As curvas e contra-curvas eram fantásticas.

Havia alturas que ainda estávamos a sair de uma curva e já estávamos a inclinar a mota para outra... De montanha em montanha, seguíamos com a brisa a acariciar a nossa face.

De repente, o vale que nos acompanhava deu lugar a um rio entre as montanhas.

Entretanto, as montanhas deram lugar a altas escarpas.

Parecia que quase conseguíamos tocar nas rochas...

Chegávamos à primeira paragem do dia: Cueva de las Ventanas.

O acesso até à gruta foi feito por um comboio turístico e, como bons portugueses que somos, começámos logo a cantar (ou terá sido desafinar): "Apita o comboio, lá vai a apitar"…

A gruta tem mais de 1,5 km de comprimento.

No interior da gruta, que tem vestígios humanos desde o período neolítico, conhecemos uma parte da história daquela localidade: Pínar.

A forma expressiva como a guia explicava o funcionamento do "clã", a criação de animais, a troca de alimentos por metal era entusiasmante e quase que fazia esquecer o frio que se fazia sentir naquela gruta.

As estalactites e estalagmites que, ao fim de milhares de anos, podem formar as colunas eram magistrais. 

Seguimos por mais curvinhas até ao local do almoço: Cambril.

Uma vilazinha localizada num vale, por entre escarpas.

Aqui havia uma Igreja em que as imagens dos santos não tinham mãos. Ora, como somos curiosos, um senhor que estava lá, amavelmente, nos explicou que durante a guerra, aquela igreja foi tomada e fizeram uma prisão, então, os militares atiravam aos santos….

Após um almoço bastante quente, dirigimo-nos para o hotel.

Ainda deu para descansar um pouco antes do último jantar deste Mototour: o jantar de gala.

A comitiva portuguesa vestiu-se a rigor com a t-shirt do MCPorto, como não poderia deixar de ser.

Foram entregues lembranças a todos os países participantes: 11 países ali representados e Portugal ofereceu uma t-shirt do MCPorto assinada por todos os participantes portugueses.

Também foram distribuídos prémios e tivemos direito a um prémio, atribuído à Sara Ferreira, por ter sido a participante mais nova… Bravo!

Tinha, assim, chegado ao fim o Mototour das Nações.       

Estava na hora de regressarmos, de coração cheio.

Foram dias de excelentes paisagens e de convívio.

É isto que o mototurismo permite: a liberdade de apreciar o percurso.

Viajar de mota traz-nos os cheiros das flores silvestres, das oliveiras, da terra molhada, da chuva...

Faz-nos sentir a brisa a bater no rosto, o sol a queimar a cara, o vento a abanar o corpo....

Traz-nos a liberdade de nos sentirmos parte da paisagem, da natureza, de apreciar montanhas verdejantes e rios de água cristalina...

Permite-nos viajar a ouvir o chilrear dos pássaros, como a ouvir o som dos nossos pensamentos ou do silêncio…

Mas também nos traz o conhecimento de novos lugares, culturas, hábitos, usos e costumes.

Esta viagem foi excelente por isso, mas, também, pelas pessoas que participaram e integraram a comitiva portuguesa…

O ambiente de folia, as gargalhadas, a entre-ajuda, a partilha de histórias de vida e de aventuras enriqueceram muito mais esta aventura.

Foi uma viagem de muitos km's, mas quem conduz por gosto não cansa...

No mundo do motociclismo costumámos dizer que a viagem só acaba quando nós e as nossas motas chegámos, em segurança, a casa...

Após uma semana e mais de 2000 km, todos os amigos e sócios do MCPorto e as suas motas, chegavam… em segurança...

Vemo-nos na estrada…

Por Mara Silva

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