Por Rui Alberto B. Salgueiro - sócio nº17 desde 1986
Não há dúvida que, no âmbito das suas grandes virtudes, a moto é uma “ferramenta” excelente para promover convívio e criar amigos. Durante a minha “carreira” (já longa) tive várias ocasiões de o comprovar, o que me leva a recuar um pouco no tempo e resumir as épocas mais importantes:
A primeira foi a minha fase “pré-histórica” pois remonta aos meados do século passado. Foi precisamente em 1950 (tinha eu 9 anos) quando a bicicleta da minha mãe foi transformada em “velocípede com motor auxiliar”. Era um REX 50 cc., com cerca de 1 CV (estilo Velo-Solex), montado à frente do guiador (não tinha embraiagem de discos; era preciso pedalar primeiro para sincronizar o arranque).
Passado cerca de um ano esse motor foi montado noutra bicicleta, mas no meio do quadro e com as modificações necessárias para a transmissão à roda de trás (uma verdadeira motorizada)! Com os meus 10 anos era o máximo e foi o meu meio de transporte durante os primeiros anos do liceu. Escusado será dizer que de 20 em 20 km tinha de tirar a vela para limpar a “pérola”, desentupir o “gigleur”, reapertar cabos, etc, etc.
Em 1953 o meu pai ofereceu-me uma Kreidler K 50 que não devia nada à estética (para não dizer feia), mas muito robusta e o motor já chegava aos 2 CV (uma “bomba”). Andava que se fartava e aguentou-se em serviço permanente durante cerca de 7 anos (era o dia-a-dia para o liceu e algumas voltas pelas redondezas). Mais tarde, já na década de 70, comprei a minha primeira Suzuki 125 para substituir o automóvel sempre que possível.
A segunda época (“idade média”) começou em 1980 quando tive a sorte de me integrar num grupo de bons amigos e com boa experiência nas duas rodas (não vou mencionar aqui nomes e episódios em pormenor, se não, em vez de uma página, teria de escrever um livro). Foi nessa altura, com a minha Suzuki GS 450, que aprendi a “arte” de rolar em grupo. A Ana Maria tornou-se uma óptima pendura e, aos poucos (nos célebres passeios de Sábado e em alguns fins de semana), fomos percorrendo o país de norte a sul. Em Espanha também fizemos umas boas passeatas e todos os anos íamos ver os Grandes Prémios que, nos anos 80, ainda se corriam em Jarama.
A 3ª época teve o seu início no ano histórico de 1986: vou repetir o que já é bem conhecido por todos, mas é sempre bom relembrar que foi com a iniciativa dos primeiros corajosos, a começar pelo Manuel Soares - N.º 1 - e o apoio nas tertúlias às sextas-feiras no “Varanda do Sol”, que o Moto Clube do Porto deu as primeiras aceleradelas! Nessa altura a “sociedade” motard aqui no Norte era relativamente pequena e dispersa. A criação do Clube teve um efeito aglomerador e rapidamente viu crescer o número de sócios.
Coincidiu que, nesse mesmo ano, troquei a minha 450 pela sofisticada (na altura) Yamaha FZ 750. Continuou portanto uma época de intensa actividade moto-turística, destacando-se os passeios organizados pelo nosso Moto Clube.
Em 1991 entrei na época do “gran-turismo” com a Honda Paneuropean, tornando-se assim mais cómodas as idas a Gerez da la Frontera, as viagens pela Europa e todos os passeios que fizemos com o MCP (ainda hoje é a minha moto para as deslocações mais longas).
Atendendo agora à vetusta idade desta PAN (e do dono), resolvi recentemente “alivia-la” um pouco com a DUCATI Monster 696 que, pelo seu peso e maneabilidade, se adapta melhor aos trajectos mais sinuosos e aos locais de estacionamento mais acanhados.
Ao longo dos 25 anos de vida, o MCP tornou-se num extraordinário dinamizador de actividades motociclísticas (turísticas e desportivas, como por exemplo os raids TT e os campeonatos de Trial). É impossível descrever aqui todos os passeios e eventos em que participei. Teria de começar pela primeira Concentração no Parque de Campismo da Madalena, passando pelas concentrações de Sanxenjo até aos mais recentes e extraordinários passeios, como, p. ex., ao Vale do Sabor e às Arribas do Douro e por tantos outros eventos memoráveis, tais como a “Chaços-Cup”, a Festa da Moto e o célebre LOGOTIPO. Todos estes programas, incluindo já o último passeio ao vale do Vouga e à Cova do Lobisomem, ficaram bem gravados na memória das minhas melhores recordações.
Para além do prazer de conduzir na estrada, tem havido sempre outros motivos de interesse, como é o caso da descoberta das riquezas culturais e da própria Natureza deste nosso país.
Claro que o sucesso dos programas depende também da participação dos sócios. É importante a nossa presença para a continuação dos bons passeios e do bom convívio.
Queria aproveitar também a minha “Voz” para expressar um elogio muito especial não só aos primitivos fundadores, como a todos os directores, organizadores e apoiantes que tem contribuído para o sucesso do Moto Clube do Porto. Os seus nomes ficarão bem gravados na história notável deste Clube.
Parabéns e continuação de boas curvas!