Por Lizuarte Gomes - sócio nº 13 de 14 de Maio de 1986
Sobre o nascimento deste clube, de que hoje todos nós nos orgulhamos, não me parece haver nada mais a acrescentar ao que já foi dito pelos anteriores relatores.
No entanto, e aproveitando esta oportunidade para recordar outros tempos, retrocederia mais de trinta e cinco anos para vos falar daquelas motos, as que naquela altura usávamos, e que não eram mais que as resistentes do velho império inglês, travestidas para parecerem mais actuais.
Recordo a família Garcia, que na época revolucionou o motociclismo na cidade do Porto, com o pai Garcia e a sua Norton Comando 750, o saudoso Jorge Garcia e a sua Triumph 500 dos anos cinquenta e o mais jovem Osvaldo Garcia que, em paralelo com o que se passava comigo, insistia em trazer para a estrada as velhas Harley KH 900 da extinta Policia de Viação e Trânsito, convertidas em moderníssimas versões “café racer”.
Lembro também o meu amigo Virgílio Guimarães, hoje em dia mais conhecido como o “Bala” com a sua rapidíssima BSA A-7 SS dos princípios dos anos sessenta, e as corridas que então fazíamos nos regressos a casa, assim como as enormes poças de óleo que deixávamos no terreno, sempre que se parava para um convívio de café e acalmar a tremedeira nos pés.
Já nos meados dos anos setenta e com a chegada da nova tecnologia japonesa, este espírito foi mudando e os horizontes dos passeios alargando. Recordo com saudade os passeios que então realizamos, as idas a Sanxenxo, as almoçaradas no Gerêz, mas também a gasolina a cinco escudos e setenta centavos, o espírito de entreajuda e grande amizade reinante entre todos, os regressos a casa com um pendura ou como pendura, a fiabilidade mecânica não era exactamente a de hoje em dia, assim como as motos que usei e que ainda hoje guardo, que se iniciaram por volta dos quinze anos com uma Yamaha ss50, mais tarde com uma Kawasaki 350 a que se seguiu uma Z1 900, e que já nos inícios dos oitenta passou a ser a Z 1300. Em paralelo com a condução destas motos, à época modernas, crescia já o gosto pelo restauro e conservação de exemplares bastante mais antigos, que ao longo dos anos foi adquirindo.
Já agora e como curiosidade, será que no ano de comemoração dos 25, alguém ainda se lembra da primeira apresentação pública e televisiva deste nosso Clube? Bem eu digo, foi realizada nos estúdios da RTP 2, no decorrer dos anos oitenta, em que fomos representados por uma muito digna Indian de 1929 e uma majestosa Kawasaki GTR 1000, representativa do que mais moderno se produzia na época.
Mas já chega de recordar, porque o Clube está vivo e bem vivo, como facilmente se pode verificar pela sua recente e em todos os termos, louvável, realização da Festa da Moto, que não só muito dignifica esta associação, mas também todos aqueles que com a sua dedicação nela se empenharam. Assim vale a pena, que a festa se repita.
Até sempre
Com um abraço amigo
Lizuarte Gomes