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Se o destino for alcançável de moto
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A voz do Fundador - Osvaldo Garcia

Por Osvaldo Garcia - sócio nº 9 de 14 de Maio de 1986

Já passaram 25 anos desde que um dia me falaram que iam iniciar o Moto Clube do Porto. Tantas aventuras para contar mas hoje decidi escrever não de mim mas do sócio vitalício nº. 3 de seu nome Jorge Garcia e de quem tenho tantas saudades. A 1ª. motorizada de marca Yamaha teve-a muito cedo e mal se apanhou em cima dela arrancou de gás mas passados breves momentos voltou atrás para perguntar como se metia a segunda velocidade. Nessa noite levantou-se de meia em meia hora para dar uma voltita na rua. Seguiram-se muitos passeios nessa Yamaha tendo inclusivamente entrado numa prova de Dirt Track em Moçambique. Já na Europa fartou-se de palmilhar quilómetros numa Triumph Tiger 500 indo quase todos os anos ao GP de Espanha que se realizava em Jarama (Madrid). Muitas outras motos se seguiram e conseguia vender motos usadas mais caras que novas tal a qualidade dos melhoramentos que lhes fazia. Com grandes conhecimentos mecânicos aliado ao jeito natural de fazer tudo com perfeição, era um ídolo para mim.

Pessoa simpática, prestável, bem disposta e com grande sentido de humor, fazia amigos com facilidade. Correu também em enduro no campeonato nacional da modalidade com uma Yamaha DT 125 mas o que mais gostava de fazer era mesmo dar uma voltita (mínimo 200 kms) na sua moto sempre impecável (chegava a usar cotonetes para limpar sítios de difícil acesso). Com uma condução muito prudente mas sobre o rápido, era das pessoas que mais gostava de ver passar. Até no trocar de mudanças era inconfundível além de grande estilo sobre duas rodas. Teve mesmo muitas motos (perdi-lhe a conta) mas, para terem ideia do gosto que tinha por elas, quando comprou uma Honda VFR400RR na Mototecnik, por dar entrada no hospital com uma apendicite aguda no mesmo dia, pediu-me para ir buscá-la ao stand para que quando saísse do hospital, sem demoras, pudesse dar uma volta.

Jorge, chorei quando ganhei o troféu de clássicas de velocidade em 2009 pois sei que darias tudo para me veres correr e por isso te dediquei a vitória. Chorei quando cheguei a Maputo de AJP 200, pois sei que também sonhavas lá voltar de moto.

Hoje choro porque sinto a tua falta cada vez que ando de moto e ando todos os dias como tu também fazias.

Todos os sócios do Moto Clube do Porto que te conheciam, sabem do que aqui escrevi e a todos eles um obrigado por terem sido teus amigos.

Bota prá estrada…

Nota MCP: Osvaldo Garcia é dos motociclistas mais entusiastas e dos pilotos mais ecléticos de Portugal já tendo competido em quase todas as modalidades. Trouxe o gosto do Trial para o MCP, modalidade que mais acarinhamos e organizamos em toda a nossa história. Filho de piloto motociclista fez também do seu filho André Garcia o campeão que dispensa apresentações.

https://www.youtube.com/watch?v=Be_ql79qVdg

Video de uma das "maluqueiras" do inimitável Osvaldo Garcia

A voz do Fundador - Dinis Mota

Por Dinis Mota - sócio nº 8 de 14 de Maio de 1986

Chegou a minha vez de partilhar algumas aventuras mais ou menos motociclísticas convosco.

Antes de mais sou de facto um sócio fundador mas um pouco atípico: até à crise do petróleo de 1973 todo o meu futuro (académico e desportivo) estava orientado para os automóveis (desculpem lá!). A crise obrigou-me a reorientar muita coisa na minha vida e, no ano seguinte, já com 27 anos, ofereci a mim mesmo a carta de moto e declarei-me zangado com os automóveis e futuro, entusiástico e incondicional, adepto das duas rodas.

E nem tudo foi fácil, ainda que as aulas de condução, com um instrutor do melhor que há, tenham sido o máximo.

O sinal exterior de riqueza em que se transformaram as motos acabou por me fazer andar durante cerca de 15 anos em máquinas muito especiais: desde a Jawa 250 de 53 até à BSA A65T de 71. E foi possível fazer muitos e fantásticos quilómetros. Pelo meio aconteceu um período sui generis em que no parque de estacionamento da direcção de uma grande empresa da zona de Leça do Bailio, entre os veículos de 4 rodas habituais, estacionava uma fantástica Royal Enfield 250 Clipper de 59 ou a BSA referida atrás (a que não estivesse avariada na altura).

Aconteceu então um contacto com o muito especial Bruno Soares e começaram o que já são 20 anos de BMW. E aqui as referências são muito mais quilómetros e 0 (ou quase!) avarias e/ou problemas e limitações da mais variada ordem. E até duas passagens pelo autódromo do Estoril de boa memória (as voltas nas K 1200S e 1300S).

Pelo meio, e para terminar, aquelas fantásticas corridas da Chaços Cup: momentos verdadeiramente únicos. Espero que não irrepetíveis.

Boas voltas para todos!